quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Origens

Sou goleiro. Não que seja bom, mas quem enverga o 1 imaginário às costas entende. Ser keeper é mais que uma simples posição no jogo, é um lifestyle, como se diz em bom português. Número um nesse caso não quer dizer o melhor, mais sim o primeiro a pagar o pato pela derrota.

Tive minha temporada de Taffarel – meu grande ídolo de infância – em 1999. Aos 13 anos já jogava há pelo menos duas “temporadas” com adultos (quando faltava goleiro nas peladas do meu pai e dos amigos dele, adivinha quem segurava a bronca?), e cada vez mais ficava confiante nas minhas habilidades como guarda-metas. O time da minha sala treinou um ano inteiro, durante a educação física e em jogos de final de semana, para o campeonato de futebol de salão do colégio.

(Escalação titular: Felipe no gol; Marcelo de fixo; Eladio “Peruca” e Vicente “Saco” nas alas; Lucas “Jucão” de pivô. Assim como todo grande time, goleiro e zagueiro não precisam de apelidos. Fomos vice-campeões, mas legítimos campeões morais).

Para chegar ao ginásio do SESI no qual o técnico/professor Betinho treinava os times A e B, era obrigado a passar pelo Parque Getúlio Vargas. Em Canoas todo mundo conhece o local por Capão do Corvo. Depois das seis da tarde era perigoso passar por aquelas bandas, mas o goleiro da 81 caminhava por lá de manhã cedo, uma tranqüilidade só. Amplo, arborizado e com várias quadras e campos de futebol, o Capão era utilizado por famílias, idosos, desocupados e atletas, profissionais ou não.

Por diversas vezes naquele ano pude ver o time profissional do Canoas Futebol Clube treinando no campo principal do parque. Naquela hora da manhã os jogadores apenas trotavam ao redor do gramado ou faziam rodas de bobo. Todos trajando preto e laranja, cores do extinto clube, muitos de abrigo em função da baixa temperatura. Mas os goleiros já cumpriam sua rotina demolidora de treinamentos. Primeiro a entrar, último a sair.

Paulo Roberto, o Coelho, lateral que jogou no Grêmio e no Cruzeiro, dava seus últimos cruzamentos rumo à aposentadoria no clube canoense. Gostava de observar os jovens do elenco conversando com ele, a atenção que ele despertava em todos.
Ficava lá vários minutos olhando as saídas dos goleiros, a maneira de bater tiro de meta, a interceptação nos cruzamentos laterais, o treinamento de explosão. E depois seguia para o meu treinamento, a minha preparação, a minha meta daquele ano: ser campeão.

Assim como nosso time, o Canoas foi vice-campeão naquela temporada. Da terceira divisão do Campeonato Gaúcho. Não que na época eu soubesse disso, todas minhas atenções estavam voltadas pro Inter. Nunca vi um jogo de futebol profissional na minha cidade, até porque o Gigante da Beira-Rio estava apenas alguns minutos de distância. Minha infância futebolística foi no concreto da geral ou da superior do estádio Colorado. Para me informar sobre esporte lia o Correio do Povo, nunca o Diário de Canoas. Mas aqueles treinos nunca sairão da minha memória. Aqueles caras jogavam num time modestíssimo, mas eram JOGADORES PROFISSIONAIS DE FUTEBOL! E vê-los ali, correndo na mesma pista atlética que eu corria para os (matadores!) testes físicos do colégio, alimentava minhas esperanças pré-adolescentes de um dia jogar bola de verdade.

-x-

Amanhã o Inter recebe a Ulbra (que agora muitos chamam de Ulbra Canoas). Alguns anos depois do encerramento das atividades profissionais do clube da minha cidade, a Universidade Luterana do Brasil resolveu abraçar o futebol de campo em Canoas. O estádio fica dentro do campus, no bairro Igara (perto da casa do Marcelo, fixo do nosso time!), e as cores da equipe são as mesmas do símbolo da faculdade: branco, azul e vermelho. Uh! Fabiano jogou lá até outro dia, a equipe canoense já se sagrou vice-campeã do Gauchão (2004, Inter campeão), mas... Sei lá, não é o time da cidade, é o time da faculdade!

Ainda falta empatia do Sport Club Ulbra com o povo da cidade para que ele seja aceito como “segundo time” no coração dos torcedores. Tomara que isso seja adquirido com o passar dos anos, mas não nessa quinta-feira.

2x0 pro expressinho Colorado, com destaque pras estréias dos laterais Arílton (incógnita total, vindo do Coritiba) e Kléber (esperança de qualidade na esquerda). Além disso, será a primeira chance como titular pro prata da casa Talles Cunha. Com os laterais mais soltos, vamos ver como Tite vai armar o meio de campo. Boa chance pro elenco como um todo pegar ritmo de jogo e pro Taison continuar jogando bem e pegando confiança.



Ulbra 1 x 2 Inter- Tricampeonato Gaúcho em 2004. Bolívar, Nilmar, Clemer e Edinho faziam parte do time comandado por Muricy Ramalho. Nilmar fez o gol do título.

www.ulbra.br/esporte

2 comentários:

Anônimo disse...

Bah esta foto de 2004 tem o zagueiro capitão - Alexandre "loco" Lopes, zagueiro estilo cometa, chegou e foi embora ligeirinho...hahahaha O neguinho na ponta de vermelho parece o renteria......

Anônimo disse...

Bah, sociedade.... que história massa essa... queria ter vivido perto dum time profissa assim... lá em Itapira tinha o Cometão, mas era amador.... e assim já era massa.... imagina um profissional, nem que de 4a. divisão....