segunda-feira, 29 de junho de 2009

Se não viu, não perca

Quase que eu não vejo essa.
E como tu, leitor do Grenalzito, talvez não tenha visto também, reproduzo abaixo parte da grande entrevista com o Felipão publicada pelo Globoesporte.com.

O entrevistador foi Renato Maurício Prado. E Felipão falou muita coisa, na boa, na caruda, FElipão total.

Copa 2014
- Treinar o Brasil em 2014? Deus me livre! Essa vai ser a pior Copa para qualquer treinador brasileiro. Ninguém vai aceitar outro resultado que não seja o título. Ninguém admite passar outra vez por uma frustração como a de 1950. Pobre técnico...tô fora!

Dunga
- Acho que o Dunga está indo muito bem. Começou um pouco inseguro, o que é natural, pois não tinha experiência. Mas foi se firmando e acredito que possa fazer uma boa Copa. O seu momento mais difícil foi às vésperas daquele amistoso do fim do ano, contra Portugal. Curiosamente, aquela goleada de seis marcou o início da arrancada do Dunga para cima e a do Carlos Queiroz (técnico de Portugal) para baixo.

Importância de Jorginho na seleção
- Há uma peça fundamental para o sucesso do trabalho do Dunga: o Jorginho. E nem é tanto pelo fato de já ter sido técnico, mas por conseguir dar ao Dunga um equilíbrio que dificilmente ele teria caso estivesse sozinho ou com outro assessor que não fosse tão próximo e calmo. Se não houvesse o Jorginho, o Dunga, com certeza, já teria explodido e mandado tudo e todos para o inferno.

Ronaldinho Gaúcho
- Não sei se Ronaldinho Gaúcho vai voltar à seleção. Para mim, antes de mais nada, ele precisava perder quatro quilos, voltar a treinar e jogar com a vontade e a gana que na seleção, antes e durante a Copa de 2002 e nos seus primeiros anos de Barcelona. Com a saída do Kaká, ele tem uma boa oportunidade de mostrar que é capaz de liderar o Milan. Mas precisa emagrecer e recuperar o tesão pela bola.

Ronaldo x Rivaldo na Copa de 2002
- Quem foi o jogador mais importante da Copa de 2002? Rivaldo, disparado! O Ronaldo foi espetacular, fez gols decisivos e tudo mais, mas o cara que desequilibrou foi o Rivaldo. Eles tinham uma briguinha particular naquela seleção.

"Disputa" interna entre os dois
- Um queria sempre fazer mais gols do que o outro. Por isso, muitas vezes não passavam a bola, mesmo quando esta era a melhor opção para o time. Um dia, perdi a paciência, chamei os dois, tranquei no vestiário e disse: "Ou vocês acabam de vez com essa frescura, ou vai jogar um só. E eu ainda não decidi quem será". Falei e fui me embora. Deixei os dois trancados lá. Aí o Rivaldo virou-se para o Ronaldo e disse: "Olha, é melhor a gente se ajeitar mesmo. Esse cara é maluco e é capaz mesmo de barrar um de nós dois". E acabou de vez aquela bobajada.

Fenômeno no Corinthians
- Ronaldo é fora de série. Mesmo estando uns sete ou oito quilos acima do peso com que jogou a Copa de 2006, ele ainda faz a diferença na hora da verdade. Os gols que marcou na final do Paulista foram típicos de um extra-classe. E, no primeiro jogo das finais da Copa do Brasil, contra o Inter, fez a mesma coisa. Se ele perder uns quatro quilos, nem tem o que discutir. Tem que ser convocado e jogar a Copa. Ele é o tipo de cara que só de olhar, o adversário já treme.

Romário
- Romário também era um cara assim. Só não o levei na Copa de 2002 porque ele traiu a minha confiança. Foi depois da Copa América em que perdemos até do Panamá ou de Honduras, não me lembro, e eu estava por um fio. Eu e o time precisávamos do apoio naquela hora e aí surgiu a história da tal operação no olho. Num primeiro momento, me conformei, afinal, tratava-se de um problema de saúde. Mas, depois, o que eu soube? Que ele não ficou de repouso coisa nenhuma: foi fazer amistosos com o Vasco para ganhar uma grande em dólares. Aí, perdi a confiança nele e ele perdeu a Copa.

Possível interferência de Ricardo Teixeira
- O presidente Ricardo Teixeira nunca me pediu para convocar o Romário. Disse: "A decisão é sua. O que você decidir, está decido. Vou te apoiar, mas se você perder a Copa, vai ter que explicar para a torcida". E eu banquei a não convocação. Depois dessa conversa, teve um momento que eu cheguei a balançar. Foi quando ele foi para a TV chorar de dizer que queria disputar o último Mundial. Eu já estava emocionado e quase voltando atrás, quando entrou em cena o Eurico Miranda falando um monte de barbaridades, me xingando disso e daquilo e fazendo ameaças. Aí percebi que era tudo um circo armado para me pressionar e desisti, definitivamente, de levar o Romário.

Kaká e Cristiano Ronaldo
- Kaká é um jogador raro em todos os sentidos. Pelo que faz em campo e fora dele. É uma joia rara esse rapaz. Com toda fama e dinheiro que já ganhou, continua a se entregar em campo como se fosse um juvenil. Tenho certeza de que ele e o Cristiano Ronaldo vão se dar bem juntos. O Cristiano não tem nada a ver com aquela imagem de marrento que todos têm dele. Aposto que ambos serão grandes amigos. O problema do Real Madrid é o Raúl. Ele já é um veterano e continua a ser o "dono do vestiário". E ai de quem ele não gosta. Inclusive o técnico.

Problemas no Chelsea
- Os verdadeiros donos do futebol hoje em dia são os jogadores. O técnico, na maioria dos clubes europeus, não tem força para contrariá-los. Quem os clubes vão preferir mandar embora? Claro que os demitidos são sempre os técnicos. Os principais jogadores já perceberam isso. Esse foi meu problema no Chelsea. O Drogba, o Ballack e o Cech não aceitavam os meus métodos de treinamentos nem minhas exigências.

Saída após o título de 2002
- Não tinha decidido sair da seleção. Se a CBF tivesse aceitado as minhas sugestões, teria ficado. Eu queria mais ingerência nas seleções de base. Queria que os meus auxiliares acompanhassem os treinos e torneios para que pudessem me avisar do potencial que a garotada tinha para substituir os campeões do mundo, que eu já sabia que não teriam como chegar bem em 2006. Eu queria dirigir o time olímpico em Atenas, mas o Ricardo foi contra alegando que já tivera problemas com isso antes, com o Vanderlei. Aí perguntei para o Ricardo: "Se você fosse eu, ficaria ou aceitaria?". E ele disse: "Eu sairia". Foi o que eu fiz. Mas saí numa boa, sem ressentimentos.

Porque não voltou para seleção brasileira?
- No dia da final da Copa de 2006, o Ricardo Teixeira me ligou querendo conversar sobre a minha volta. Marquei um encontro em Barcelona, mas, quando falei com a minha família, todos foram contra. Para não brigar, liguei para o Ricardo desmarcando e abrindo mão do convite. E ele foi atrás do Dunga.

Planos para o futuro
- Vou voltar dentro de um ano e meio. Aí trabalho mais uns dois como técnico e chega! Mudo de função ou me aposento. Chega de discutir com bandeirinha à beira do campo. O Palmeiras queria que eu assinasse um pré-contrato para quando eu voltar. Agradeci, mas não aceitei. Quando voltar, quero estar livre para decidir o que for melhor na ocasião. Houve um dirigente do São Paulo que ligou para o meu empresário querendo o meu telefone.

Os técnicos brasileiros
- Dos novos, gosto muito do Mano Menezes. Vejo futuro no Vagner Mancini e no Dorival Júnior. Mas estes precisam de uns três anos de bons trabalhos para se firmar entre os maiores, como o Vanderlei, Muricy, Autuori...

Vanderlei Luxemburgo
- Técnica e taticamente, o Vanderlei é o melhor. Mas costuma misturar muito as coisas dentro de fora de campo. Eu não consigo engolir essa de história de treinador querer ganhar comissão em cima de atletas que ele revelou ou indicou e que depois foram vendidos. Dá margem a milhares de insinuações. Nunca fiz, nem faria. Se ele se concentrasse no que é melhor, teria ainda mais sucesso. Mas essa é apenas a minha opinião. Ele é maior de idade, bem-sucedido, faz o que quiser.

3 comentários:

Rapha. disse...

Já tinha lido essa entrevista.
A parada mais show que ele disse foi que ele não vai ser técnico na copa de 2014, porque sabe que "coitado" de quem for, imagina a pressão em casa.

Saudações tricolores.

Felipe Conti disse...

Comentário ainda sobre o lance do racismo. O MESTRE JEDI Colorado Fernando Carvalho disse o seguinte sobre o assunto:

— Todo mundo já jogou pelada na rua e sabe como isso funciona. Os xingamentos saem ao natural, a maioria deles no calor da disputa. Se vocês vissem o vocabulário que se usa no vestiário de um time de futebol, aposto que iam se escandalizar. Me parece que houve um superdimensionamento do caso — afirmou Fernando Carvalho, referindo-se ao Cruzeiro.

Achei aqui http://www.clicrbs.com.br/esportes/rs/noticias/futebol-inter,2558405,Fernando-Carvalho-fala-sobre-racismo-no-Mineirao.html.html

E o Felipão é gaudério mesmo!

Aline disse...

E eu disse a mesma coisa que o Fernando Carvalho. E antes. E sou menina.