quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Encontro com o professor

Aí está: demorei, mas escrevi abaixo os principais trechos do que anotei na “aula” do dia 27 de outubro, quando tive este encontro com o professor Dunga em Porto Alegre, numa das aulas do curso Kick Off 2, da Perestroika.

O chamado para a Seleção
Dunga contou detalhes do momento em que foi chamado para treinar a Seleção Brasileira. Disse que não imagina tal convite, achou que, quando o assessor de Ricardo Teixeira lhe telefonou, era para convidá-lo para algum cargo dentro da CBF, não para ser “O” treinador. “Estava jantando com minha família em Porto Alegre. O assessor do presidente me ligou e disse que o Ricardo queria fazer uma reunião comigo. Pediu segredo e avisou que era pra semana seguinte. Desliguei e brinquei com meu filho: ‘vou ser treinador da Seleção’. Rimos e uma semana depois fui ao Rio de Janeiro encontrar o Ricardo. Chegando lá, a primeira coisa que ele me disse: ‘Dunga, pela primeira vez desde que sou presidente da CBF um segredo durou sete dias’. Foi uma atitude normal, mas que me deu moral com o presidente. Fechamos e no outro dia saiu a notícia. Meu filho estava na Bahia. Viu o jornal e me ligou cobrando: ‘pô, pai! Por que tu não me disse nada?’”
Dunga ainda admitiu: “fui escolhido pela minha maneira de ser, não porque era treinador”.

Escalação da Copa
Dunga não deu a escalação com todas as letras, mas pelo que vazou tem os 11 escalados para começar a Copa. Julio César, Maicon, Lúcio, Juan e André Santos; Gilberto Silva, Felipe Mello, Elano e Kaká; Robinho e Luís Fabiano.
Elano, ou Ramires, ou Daniel Alves, são, definitivamente, peças fundamentais no esquema que gosta o professor Dunga. Ele diz que estes jogadores são os homens ideais para a 3ª função do meio-campo. Marcam e armam, além de terem bom chute de fora da área e, nos casos de Elano e Daniel, serem os homens da bola parada.

Outras preocupações com a Seleção
Além de passar os dias assistindo jogos ao vivo ou gravados, convocar, escalar e treinar o selecionado brasileiro, Dunga revelou ter que se preocupar com diversos fatores extra-campo, como a altura do gramado onde a Seleção vai mandar os jogos e com o hino. “Nosso time é rápido, gosta de jogar em velocidade. Pra isso a grama tem que ser baixa. Aí eu peço pra cortar e os caras dizem que não porque na TV vão aparecer as falhas. Não estou preocupado com o que vai aparecer na TV. Quero ganhar o jogo”, disse.
Sobre o hino, Dunga reclamou: “preparo os jogadores para entrarem fervendo, com sangue nos olhos. Aí colocam um artista pra executar o hino nacional numa versão toda melódica. Artisticamente é muito bonito, mas não serve pro jogo. O hino tem que ser tocado por uma banda militar, com toda força que ele merece”, opinou.

Táticas de Dunga
O que ele mais pede é que todos estejam focados na Seleção. Tem que DESEJAR estar lá para estar de fato. Depois, Dunga os põe para jogar. Esta, assim como a pergunta sobre Adriano, tive a oportunidade de fazer para o treinador da Seleção Brasileira. Pedi pra que se levantasse e explicasse no quadro como joga a sua Seleção.
“Eu gosto de duas linhas de quatro e dois atacantes, que é como jogador brasileiro sabe jogar. Este é meu SISTEMA de jogo preferido. A TÁTICA varia de acordo com o jogo. Se sei que o adversário tem um lado mais fraco, vou tentar armar algo por ali”, explicou Dunga. Simples, assim, sem muitas idéias mirabolantes.

Robinho e Kaká
Robinho vem sendo contestado, mas Dunga sequer cogita deixá-lo fora da Copa 2010. “O Robinho sempre me deu a resposta. Quando não foi decisivo individualmente, foi importante taticamente”, disse Dunga. “Ele e o Kaká têm total liberdade dentro do jogo para trocarem de posição. O Robinho, assim como Kaká, joga de meia, segundo atacante e centroavante. Jogador brasileiro tem muito disso. Faz a sua e tem noção de como se faz as outras posições. São muito mais versáteis que os europeus”, analisou Dunga.

Ronaldinho Gaúcho
Por que Ronaldinho Gaúcho não consegue jogar mais o futebol que lhe consagrou? Professor Dunga também tem a sua teoria: “o Ronaldinho perdeu a alegria das coisas simples. Hoje ele não pode ir ao restaurante, não consegue ir shopping sem ser rodeado de gente. E isso afeta ele dentro de campo. Se tu não estás bem fora de campo, dentro de campo não vais estar também”, comentou.

Adriano“Cheguei e conversei com Adriano, pedi pra ele maneirar. Se vai pra festa, vai devagar, não vai todo dia, se comporta. Não toma cinco cervejas, toma duas. Não pega 10 menininhas, pega cinco. Não estou pedindo pra parar – não seria louco de fazer isso – só estou pedindo pra se controlar. E outra: na Seleção, ele é o cara que tenho que tirar do treino, se não fica até de noite”, confidenciou.

Começo suado
Uma namorada ou dois sanduíches
Quando começou no Internacional, aos 14 anos, Dunga cultivava o hábito de treinar ao meio-dia, com um saco sobre o corpo, que era pra aumentar a dificuldade e o suador. “Nos finais de semana, o Inter nos dava dois sanduíches pra passarmos sábado e domingo. Os guris mais abonados iam pra casa. E nós ficávamos. Ficava e roubava a comida deles de dentro dos armários. Virava armário, fazia furo atrás. Limpava. Tinha uma época também que a gente jogava na várzea pra fazer uma grana. Depois, tinha a tática de arrumar uma namorada. Aí, no domingo, ia almoçar na casa dela e levava mais uns quatro jogadores juntos. Assim fomos nos virando”, contou Dunga em meio a risos.

Na balada com roupa consignada
O professor também aprontou umas boas. Quando ainda não tinha dinheiro para comprar roupas novas para freqüentar as festas em Porto Alegre, ia nas lojas, pegava roupa em consignação, usava na noite, depois devolvia.

Pênalti de 94
Dunga foi o quarto cobrador na sequência de batedores brasileiros na final dos pênaltis em 94, contra a Italia. Não era batedor oficial do time e não sabia que seria relacionado por Parreira para as cobranças. Caminhando em sua direção, Parreira chamou: “meu capitão”.
“Gelei na hora. Mas aquele pênalti é o resumo da minha vida. Em 90, quando perdemos, a Era Dunga, tudo aquilo veio na minha cabeça. Numa noite depois de 90, tomando cerveja com meu pai, disse pra ele que precisa de mais uma chance. Uma só. E então veio aquele pênalti em 94. Era o momento de reverter a minha história. Saí do meio de campo, fui caminhando e rezando tanto que estou pagando promessa até hoje. Estava 100% concentrado, não escutava nada. Se não ganhássemos aquela Copa, acho que eu não voltava para o Brasil”, contou.

6 comentários:

Felipe Conti disse...

Mais uma da série "Maurício e Os Caras"!

Muito tri o texto véio, parabéns!

Não perguntaram da relação do Dunga com a imprensa?

Vai ter jogo sábado?

Abraço!

Mau Haas disse...

Vai ter jogo... a relação dele com a imprensa: nem precisamos perguntar... ele xingou todo mundo o tempo todo... hahahah

Abraço

Felipe Conti disse...

das 9 as 10? Nunca lembro...

GrenalzitoS virou msn!

Mau Haas disse...

isso. twiti

Gonçalves disse...

Sensacional os relatos do Capita!!!

Junior disse...

animal isso ae mauu..

pow, massa mesmo!

e ele nao comento tambem que sempre quis joga no melhor do rio grande? hehe