Em pé (da esquerda pra direita) - Meu tio-avô Egídio "Zílio", um primo do meu pai que não lembro o nome, o meia Arílson e meu primo Eduardo "Dudu".
Também em pé, mas muito piás pra parecer que estão em pé - Eu fazendo cara de mangolão e com a minha camiseta da final da Copa do Brasil de 92, meu primo André "Dé" e meu irmão Vinicius, que nessa foto devia estar com uns 4 anos (e já era todo balaqueiro)!
Pois é, essa foto aí... Não sei se a foto é de 94 ou 95, mas é por aí. Os parentes do meu pai lá de Dois Lajeados estavam visitando a família em Canoas. Churrasco e gritaria, como em toda família italiana. E rivalidade, óbvio! Eu, meu pai e meu avô Coloradaços; O Tio, os guris e meu irmão, Azulinos roxos.
Nunca achei que beirando os 23 diria isso, mas minha memória começa a fazer jogos comigo, como dizem os americanos. Não consigo lembrar o motivo pelo qual fomos parar no aeroporto Salgado Filho, mas sei que paramos lá. E de repente me aparece o Arílson!
Um dos símbolos do Grêmio da década de 90, o habilidoso e polêmico meia gaúcho era o responsável - juntamente com Carlos Miguel - pela criatividade do time de Felipão. Na época pra mim ele era só mais um naquele time xarope do Grêmio! Meus ídolos eram Paulinho Mclaren, Elson, Caíco, Marquinhos, Daniel Frasson, GAMARRA! Mas aí foram tirar a foto...
Todos gremistas fardados e só eu de colorado! E todo mundo pentelhando pra que eu aparecesse junto no retrato... Fui contrariado, por ser tímido e não gostar muito de tirar fotos, e pelo motivo óbvio: aparecer junto do "inimigo". Antes e depois da foto consumada, disse: "Um dia ele ainda joga no Inter!". Dito e feito.
O boêmio meia jogou duas temporadas no Inter se não me engano - ó a memória véia me deixando no meio da estrada - e demonstrou um futebol refinado, além da refinada arte de fugir das concentrações, fazer festas em vésperas de jogos e falar coisas além do óbvio politicamente correto futebolês.
Lembro claramente de um Inter e Corinthians no Gigante, 98 talvez, e o técnico deles era o Nelsinho Batista. O camarada tinha abandonado o Inter e "insinuado" que estaria indo pra um clube grande de verdade. A torcida queria pelo menos um rim dele, e uma vitória se fosse possível. Lembro também do Neto mais gordo que o Ronaldo deste domingo fuzilando a rede do Palmeiras, ouvindo o coro de "Neeeeetoooo, viaaaadoooo" e nem encostando na bola. Além do retumbante "pu** que pariu, o Nelsinho vai morrer no Beira-Rio"! Quem me levou nesse jogo foi meu outro primo André, o de Canoas, e que vive "argumentando" com o Mau nos comentários.
Pois bem, 2xo nós, alma lavada pela vingança contra o treinador calhorda e uma aula de futebol ministrada por... ARÍLSON! Um gol foi dele, e o outro do Marcelo "Padeiro"? Acho que sim. Mas o que realmente importou naquela noite foi que a profecia da foto no aeroporto estava realizada. Ninguém mais poderia dizer que tirei foto com um ídolo gremista, pois o mesmo cara estava ali no Gigante, trucidando o adversário e vingando a Nação Vermelha. Assim como muitos na história, virou um jogador amado e odiado nos dois lados da rivalidade gaudéria.
Melhor que não ser lembrado por ninguém.
*Lembrei dessa história depois de ler boatos sobre uma possível transferência do Iarley pra Azenha. Situação estranha pra todo mundo, mas não é algo inédito e em muitos casos dá certo. Em tantos outros só serve para diminuir a importância de um jogador para um clube e uma torcida. Nunca se sabe ao certo o resultado, afinal é futebol...